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Há mais questões entre o Itaú e a XP do que supõe nossa vã filosofia

Há mais questões entre o Itaú e a XP do que supõe nossa vã filosofia

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Só tenho uma certeza na vida: as coisas estão mudando

Por uma questão de ética, não pretendo entrar no mérito sobre a qualidade, planejamento e estratégia da ação do Banco Itaú que vem dando o que falar. Nem opinar sobre quem tem razão. O que me interessa aqui é a motivação.

Imagino um daqueles apresentadores de boxe ou UFC gritando para o público: “De um lado do ringue, empresas tradicionais, hegemônicas, gigantes, experientes e campeãs em seu segmento. No outro corner, as desafiantes, nascidas como startups ágeis, leves, arrojadas e com sangue nos olhos para duelar, ferir e subjugar as poderosas”.

“IT’S TIME”, gritaria Bruce Buffer! Aqui, talvez o correto fosse “IT’S A NEW ERA”.

Sim, definitivamente, os tempos são outros. E o que chama atenção é que, se estão longe de serem nocauteadas, as empresas tradicionais parecem ter sentido o golpe.

Vale lembrar que não estamos falando da disputa entre concorrentes da mesma cepa, como Coca-Cola e Pepsi, e sim entre dois modelos, duas visões, duas propostas absolutamente distintas.

Senão vejamos: o sistema bancário brasileiro começou a mudar quando o dragão da inflação foi domado. Até então, as mensagens eram do tipo “traga o seu dinheiro no nosso Banco para protegê-lo da inflação”. Após o Plano Real, o mote deveria passar a ser “venha pegar dinheiro no nosso banco para investir no que você quiser”. Porém, as tais jabuticabas brasileiras impediram que isso se tornasse uma realidade, seja pela falta de educação financeira do brasileiro, da legislação permissiva com os devedores, pela alta concentração do mercado em pouquíssimos players, ou, como preferem simplificar alguns, por uma questão de ganância.

Mas aí entrou o imponderável, ou talvez o inexorável: a Tecnologia, isso mesmo com T maiúsculo. Quando alguém iria imaginar que, no futuro, um simples telefone móvel poderia embarcar o seu banco, levando-o consigo para qualquer lugar? E que isso permitiria o surgimento de pequenas corretoras dispostas a rachar o lucro com o cliente?

Isso sem falar que, no outro flanco, surgiram as fintechs, pequenos bancos totalmente digitais, fustigando os gigantes com agilidade, inexistência de taxas e soluções descomplicadas. Lembro que, em décadas passadas, os grandes bancos brigavam para ver quem tinha mais agências espalhadas pelo país. Hoje, a nova concorrência se orgulha de… não ter agências! Nenhuma sequer! E o público, que via nas milhares de agências bancárias um indicativo de solidez, hoje não dá a menor importância para isso.

Outros segmentos vivem situações semelhantes. As redes de TV estão tendo que se reinventar para fazer frente às empresas de streaming.  O disque-pizza virou aplicativo. Da mesma forma, o táxi, os hotéis, as agências de viagem agora vivem suas batalhas com novos concorrentes. Estamos falando de inovação, algo que as empresas tradicionais não podem mais desconsiderar ou adiar. A reinvenção é para ontem!

Por enquanto, em diversos segmentos, ainda há espaço para as duas linhas de atuação, a tradicional e a digital. Cada vez mais vejo, por exemplo, a Netflix ou o YouTube anunciando nos veículos tradicionais. Essa sinergia é interessante, mas será que vai durar?

Ainda teremos muitos rounds pela frente, mas também uma certeza. No final da disputa, o grande vencedor será o consumidor.

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