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A trajetória da Murilhas (ou como crises sempre nos deixam mais fortes)

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Empreender é praticar a resiliência diariamente. Enfrentar crises, desafios, incertezas. A própria Murilhas, em sua trajetória de quase 25 anos, é uma sobrevivente, que a cada percalço acaba saindo mais forte.

Pensando nisso, resolvi demonstrar cronologicamente nossa história em meio a crises. A ideia dessa retrospectiva é mostrar como cenários conturbados permeiam nossa existência e, se não dá para estar alheio a elas, é possível se manter, crescer e se reinventar.

Em janeiro de 1996, a Murilhas nasceu, como uma startup enxuta, décadas antes desse conceito ser apresentado. Duas pessoas num pequeno apartamento trabalhando 20 horas por dia. O Plano Real havia sido lançado em 1994, o dragão da inflação estava domado, mas como a globalização já era realidade, para o bem e para o mal, as crises regionais se faziam sentir nos quatro cantos do mundo.

Assim, neste período vivíamos a crise do México e o chamado Efeito Tequila, altamente contagioso, cujo impacto era sentido já em 1995, no primeiro ano do Governo FHC. Neste cenário, a Murilhas foi sobrevivendo, se consolidando. Ao longo de 1996 contratamos nossa primeira funcionária, aumentando nossa força de trabalho em incríveis 50%.

Em 97 saímos do apartamento e sublocamos uma sala de um cliente, na região da Berrini, contratamos mais algumas pessoas e seguíamos crescendo, apesar dos efeitos da Crise dos Países Asiáticos, que afetava os emergentes como um todo. Naquele tempo dizia-se que “o sujeito espirra na Ásia e contamina a gente, que está do outro lado do mundo”.

O cenário de 97 ganhou contornos mais dramáticos no ano seguinte, com a crise da Rússia, com moratória da dívida, impacto profundo nas Bolsas de todo o mundo e a consequente contaminação dos emergentes, como o Brasil. Apesar disso, a sala da Berrini ficou pequena, mudamos para uma casinha na Vila Mariana e contratamos mais gente.

O primeiro governo FHC chegava ao fim e já na virada de 1999 tivemos uma grande desvalorização do Real. Começava aí um período muito conturbado no Brasil e no mundo, com estouro da bolha da internet, 11 de Setembro, apagão de energia elétrica. Nesta época a agência já estava consolidada, agora numa casa bem maior, apesar do cenário.

Lembro que 2002 foi um ano crítico para a economia, com o Brasil recorrendo ao FMI, a iminente eleição de Lula levou o risco-país a mais de 2000 pontos. 2003, foi difícil e a situação piorou em 2005 com a denúncia do mensalão. Agora num prédio comercial, a Murilhas continuava crescendo.

2008 explodiu a maior crise do capitalismo desde 1929. A Murilhas tinha acabado de ganhar a conta de um banco e estava prestes a lançar uma grande campanha, quando o cliente cancelou tudo e ruiu. Sobrevivemos e continuamos.

Em 2010 a zona de euro entrou em parafuso, tivemos os anos Dilma, 14 milhões de desempregados e o resto é história, até chegarmos aos dias atuais e a pandemia. Nessa década, mudamos para nossa sede atual, evoluímos, nos tornamos digitais.

Nossa história traduz como não dá para esperar a crise acabar. Por que sempre vem outra. Se eu tivesse pensado em deixar a crise do México passar para empreender, não teria aberto a Murilhas até hoje. E valeu a pena! Sempre vale a pena! Estamos nos reinventando a cada dia. Não que a gente não sofra. Ao contrário, às vezes é preciso sofrer para criar anticorpos e crescer.

Espero que a nossa trajetória possa inspirar você e que, no futuro, a gente lembre dessa pandemia como apenas mais uma crise! Porque não se trata apenas de sairmos dessa. Se trata de sairmos dessa melhor.

Ricardo Murilhas é Fundador, Sócio e Diretor de Criação da Murilhas Comunicação. E, acima de tudo, é um sobrevivente de crises.

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